O que faz você comer?

Você sabia que a maneira como você pensa pode contribuir para a sua dificuldade em emagrecer? É comum termos a sensação de que a vontade de comer esteja fora do nosso controle. No entanto, comer não consiste em uma ação automática! Por mais que algo pareça deliciosamente e incontrolavelmente apetitoso para você, em algum momento você, conscientemente, decide comer!

Por exemplo: após o almoço (você está satisfeito!), andando pela rua, você passa pela frente de uma loja de doces e vê aquele bolo que você mais gosta na vitrine. Logo, passa pela sua cabeça: “preciso comer este bolo!”, “se eu não comer, vou ficar com vontade o resto do dia!”, “eu mereço comer um pedaço, afinal o dia hoje está estressante!”. Então, você decide parar, pedir um pedaço e comê-lo.

No entanto, outra pessoa igualmente satisfeita com o almoço, passa pela mesma loja, vê um bolo que também a chama atenção, e sente vontade de comê-lo. O pensamento que vêm em sua cabeça é “que vontade de comer este bolo!”, “preciso comê-lo”, “hoje o dia está sendo difícil!”. No entanto, outros pensamentos se sucedem: “mas, eu desejo entrar naquele vestido!”, “eu sei que não devo comer doces”, “preciso cuidar da minha saúde”. E então, ela decide não comer o bolo.

Qual foi a diferença entre estas duas pessoas? A maneira de pensar e, consequentemente, o comportamento de comer ou não o bolo!

Judith Beck, conceituada psicóloga clínica norte-americana, desenvolveu um trabalho com pessoas com dificuldade em perder peso e verificou que todas elas possuem algo em comum fora a vontade de comer: pensamentos sabotadores da própria dieta! Veja alguns exemplos:

“Mereço comer isto!”

“Vou comer apenas um pedaço.”

“Eu deveria fazer o que tenho vontade.”

“Não consigo resistir!”

“Mais tarde eu compenso o que comi agora.”

“Se eu não comer, vai para o lixo!”

“Eu deveria comer para não fazer desfeita.”

“Todo mundo está comendo!”

“Estou estressada/cansada/triste/entediada/chateada.”

“Esta é uma ocasião especial.”

“Amanhã eu começo a dieta de novo.”

“Já que comi e não deveria ter comido, agora vou comer tudo!”

“De qualquer maneira, eu nunca vou emagrecer mesmo…”

“Vou comer; ninguém vai saber!”

“Mais cedo ou mais tarde vou acabar comendo mesmo… então vou comer já!”

“Tenho a sensação de que preciso comer doce neste momento!”

“Eu não posso incomodar minha família preparando refeições saudáveis ou jogando fora alimentos não nutritivos.”

E por aí vai uma série de pensamentos sabotadores. O que fazer com eles? É preciso entender que nem todos os pensamentos que surgem em nossa mente são verdadeiros. Portanto, a solução está em prestar atenção nos pensamentos que você está alimentando e que contribuem para a sua vontade de comer, e modificá-los por outros pensamentos que Judith Beck chama de funcionais. Veja alguns exemplos:

“Consigo resistir, sim. É uma escolha que tenho.”

“Não tenho que fazer a minha vontade sempre. Posso decidir por outro caminho que racionalmente seja melhor ou mais apropriado para mim.”

“Não há problema em a comida ir para o lixo. Não preciso comê-la. Posso dar para outra pessoa se não quiser jogar no lixo.”

“Posso até sentir que mereço comer isto que estou com vontade, mas sei que não devo.”

“Posso fazer outras coisas igualmente prazerosas e que não afetem a minha saúde física para compensar um dia ruim: conversar com um amigo; ter um hobby, sair para passear um pouco, etc.”

“O fato de todo mundo estar comendo não significa que eu tenha que comer. Eu não sou todo mundo. Sei que preciso cuidar da minha saúde.”

“Eu já falei várias vezes que amanhã começaria a dieta. Posso me manter firme hoje.”

“Se eu voltar a trabalhar, essa vontade de comer vai passar. Não preciso comer isto agora.”

“Esta pode ser uma ocasião especial, mas sei que toda vez que como um doce, nos próximos dias minha vontade de voltar a comê-lo aumenta, e não quero passar por esta dificuldade novamente.”

“Minha família sabe que preciso cuidar da minha saúde. E mesmo que eles não colaborem comigo, tenho o direito de cuidar de mim através destes alimentos saudáveis.”

Ao identificar pensamentos sabotadores que passam pela sua cabeça e que o (a) distanciam cada vez mais do seu objetivo de reeducar a sua alimentação, substitua-os por outros que sejam funcionais e reais. Educando sua maneira de pensar, você também aprenderá que é capaz de controlar o seu apetite.

Escrito por Thais Souza, psicóloga clínica, pós-graduada em aconselhamento familiar.

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